sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O escritor Carlos Nuno Granja esteve na nossa escola



No dia 20 de janeiro de 2015 tivemos o previlégio de ter no nosso agrupamento de Escolas de Mora o escritor Carlos Nuno Granja.

Realizou duas sessões com os alunos do primeiro ciclo da Escola Básica de Mora e uma sessão com os meninos do jardim de infância de Mora. Durante as sessões apresentou alguns dos seus livros e contou histórias da sua vida. No final de cada sessão autografou os livros comprados.



Agradecemos toda a disponibilidade, e boa vontade do escritor Carlos Granja e a simpática oferta que nos fez.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Dia da Biblioteca Escolar - Trabalho dos alunos do 4º ano


A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mora

A necessidade de criar sistemas e organismos de defesa comunitários contra imponderáveis de natureza física ou social nasceu, certamente, com as próprias sociedades humanas e foi-se tornando mais estruturada à medida que a complexidade das mesmas avançava. Assim, é de supor que já no neolítico existissem mecanismos empíricos de proteção contra catástrofes naturais que tivessem em conta não apenas a defesa individual mas também a proteção dos bens da comunidade.
O que ao certo sabemos é que, por exemplo, os antigos egípcios, criadores de uma sociedade estruturada hierarquicamente de forma bastante complexa, desenvolveram o que chamaríamos hoje de “sistemas de proteção civil” destinados a proteger as populações contra as inundações do Nilo, aproveitando as mesmas para fertilização dos terrenos 1*, enquanto que, na Roma antiga, no ano de 27 a.C., terá surgido o primeiro corpo de bombeiros, então designado por “vigiles”, que tinham como missão patrulhar « as ruas para impedir incêndios e «policiar a cidade» 2*.
No ano de 872, em Oxford, Inglaterra, foi criado, pela primeira vez, um toque de alerta para incêndios, marcando a obrigatoriedade de todos colaborarem na sua extinção, tendo, mais tarde, esta norma sido estendida a todo o território por Guilherme, o conquistador.
Na sequência do grande incêndio que devastou a cidade de Londres em 1666, «as companhias de seguro da cidade começaram a formar brigadas particulares para proteger a propriedade de seus clientes» 3*, e, em 1679, «em Boston, depois de um incêndio devastador que destruiu 155 edifícios e um certo número de barcos, «houve a fundação do primeiro Departamento Profissional Municipal Contra Incêndios na América do Norte» 4*.
No século XVIII, em Massachusetts, já existiam «sistemas de defesa contra o fogo, tais como, exigências que em cada casa houvesse disponível cinco latas (tipo balde). Em caso de incêndio era dado  alarme através dos sinos das Igrejas e os moradores de cada casa passavam então a organizarem-se em grandes filas, desde o manancial mais próximo até o sinistro, passando as latas de mão em mão» 5*.
A primeira «organização profissional de bombeiros terá sido criada em 1853, em Cinccinati, Ohio, utilizando «bombas a vapor em veículos tracionados por cavalos 6*.

Em Portugal, na década de 30 do século passado, registou-se um grande impulso criador de «corpos de bombeiros nas comunidades locais, « tendo por base os conselhos. Em 1930 «existiam 150 corpos dos quais 129 eram constituídos por voluntários e 21 por elementos municipais profissionais, sapadores e não sapadores« 7*. Por essa altura, surgiu a “Liga dos Bombeiros Portugueses”, e, dez anos mais tarde, «criaram-se associações de bombeiros em que os seus elementos não limitavam a sua ação a extinguir incêndios, também socorriam feridos, doentes, náufragos, bem como levavam a sua atuação a outras formas desinteressadas de socorrer vidas humanas e bens» 8*.



Em Mora, os bombeiros chegaram nos primórdios da década de quarenta do século passado, graças à ação de um punhado de beneméritos, de entre os quais se destacou o seu primeiro comandante – Manuel José Godinho. Depois de ter iniciado a sua carreira de “aspirante de finanças” em Aljesur, concorreu ao mesmo cargo em Mora, tendo sido colocado na repartição local de finanças em 1938. Sobre ele escreveu Lopes Correia: «Foi nos meados de 1939 que lhe levedou no íntimo a ideia de fundar uma corporação de bombeiros e quando ela definitivamente se lhe cristalizou na alma pôs nisso um querer tão obstinado que não houve muros de indiferença, de críticas, de sorrisos escarninhos e até de vivos obstáculos que não tentasse derrubar. E derrubou. Nos primeiros dias de Janeiro de 1940, com a indispensável bênção das autoridades, aspergida com hissope e caldeirinha, os bombeiros foram uma realidade» 9*.

Graças ao livro de memórias publicado por Virgínia F. Falcão, podemos ler a ata fundadora da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mora, que aqui, por curiosidade, se transcreve:
«Aos nove dias do mês de Janeiro de 1940, reuniram-se numa sala do 1.º andar do prédio onde se encontra instalada a Farmácia Falcão desta Vila de Mora, os Srs. António Pinheiro Falcão, João Pereira Branco, Manuel José Godinho e eu, José Ventura, e, todos irmanados no mesmo sentimento de poderem ser úteis à Humanidade, resolveram constituir-se em Comissão Organizadora dum Corpo de Salvação Pública na Vila de Mora.
Depois disto, começaram por trocar impressões sobre diversos assuntos que interessam ao início da Corporação.
Assim, começaram por elaborar uma lista de indivíduos que haviam de convidar para futuros Bombeiros.
Nesta escolha teve-se em muita atenção a integridade de carácter e moral dos indivíduos escolhidos, pois a Comissão só procura ter no seu seio indivíduos com uma moral compatível com os fins, verdadeiramente altruístas, das associações como esta, que se propõem criar.
Na escolha dos indivíduos a que acima se faz referência, foi a Comissão muito e valiosamente auxiliada pelo Sr. Luís Ferreira de Figueiredo.
Deliberou-se em seguida mandar imprimir 500 circulares, que serão mandadas distribuir pela população da Vila e nas quais se roga aos habitantes de Mora a inscrição como sócios da humanitária Associação.
Mais resolveram e assim consideram fundada no dia de hoje a ”Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mora”, que ficará por agora dirigida pela referida Comissão até se tornar possível a existência legal da mesma.
Não havendo mais nada a tratar, encerrou-se a sessão, lavrando-se de tudo, para os devidos efeitos, a presente acta, que vai ser assinada por todos e por mim, José Ventura, servindo de secretário, que a escrevi.
(Assinam: António Pinheiro Falcão, João Pereira Branco, Manuel José Godinho, José Ventura)» 10*.

 Prof. Joaquim Lagartixa
1 Vd., por exemplo, Airton Ortiz, “Egito dos faraós”, Record, Rio de Janeiro, 2011; o capítulo sobre o “museu do Cairo”.
2 vd. http://www.bombeiros-bm.rs.gov.br/hist-mun.html
3 Idem.
4 Ibidem.
5 Ibidem.
6 Ibidem.
7 Vítor Luís Eleutério, (1999), “Bombeiros”, in António Barreto & Maria Filomena Mónica (coords.), Dicionário de História de Portugal, Porto, Liv.ª Figueirinhas, suplemento A/E, vol. VII, p. 187/8.
8 Idem.
9. Lopes Correia, “memorial de uma vila”, ediliber, edição póstuma, Coimbra, 1994, p.37.
10 Virgínia F. Falcão, “A Farmácia, a Praça e a Vila”, Edições: Rui F. Falcão, dezembro de 2000, pp. 27-28.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Anuro em Cabeção e Pavia, histórias por contar….


Ontem foi dia de viagem por escolas do Concelho, começámos em Cabeção, com uma sala cheia de meninos e meninas, simpáticos e interessados, com uma menina, a Mariana, a descobrir que o Anuro guarda a horta “ lá de cima, à luz da lua”. Soubemos também que, em Cabeção, todos os meninos têm hortas e sapos, um deles terá mesmo vinte, ou mais, do que eu não duvido, tendo em conta a convicção e a seriedade com que, pelo próprio, me foi feita tal afirmação.

 Em Pavia, o mesmo ambiente, o mesmo entusiasmo, a mesma alegria na descoberta do interessante mundo dos peixes-sapos… A diferença esteve em mim, regressar, como autor, à sala onde há quatro décadas atrás, no século passado, um dia pensei, desejei, ser isso mesmo, depois de a minha professora nos ter apresentado o livro “O trigo e o joio”, e nos ter falado do Fernando Namora e do Manuel Ribeiro de Pavia. Foi realmente uma viagem no tempo, feita de doce nostalgia, de desejo de partilha de coisas que morrerão com as nossas memórias, como as intermináveis batalhas navais da poça do “Curral-concelho”, disputadas com barcos de folha de piteira. Pavia foi também o saber de muitas outras histórias, grandes, verdadeiras, cheias de tudo o que a vida é, que me encheram o peito e me despertaram o desejo de querer escrever, para melhor perceber, hoje, o pequeno grande mundo do lugar onde nasci, que sinto como meu, uma espécie de segunda pele ou raiz, um mundo que, fiquei certo, poderia fielmente contar através das histórias dos meninos e meninas da minha escola de sempre: uma menina que confessa que o pai tem uma namorada jovem e muito bonita mas que gosta muito mais da mãe, embora também goste da namorada do pai, um menino de olhos luminosos e iluminados que fala dos muitos irmãos que tem, numa família alargada, um neto de um velho amigo que nos serve simpatia num chá de Tília e de quem se diz que dá os abraços mais ternurentos do mundo. Espero um dia poder contar todas as outras histórias que ficam por contar nesta história…
  



 Trabalhos do Jardim de Infância de Pavia

À professora Ana Maria, à Rita, minha companheira desta aventura literária, a todos os professores e alunos que participaram nas apresentações, o meu obrigado pela oportunidade de termos tido o prazer de partilhar todas estas histórias… 

António Carlos
14 de Janeiro 2015