quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Entrevista ao escritor Carlos Canhoto

Pavia foi a vila alentejana que viu nascer o escritor Carlos Canhoto, corria o ano de 1961.

Carlos Canhoto é o pseudónimo de António Luís Carlos, funcionário da Câmara Municipal de Mora, onde exerce a função de Coordenador da Divisão de Ação Sociocultural.

Gosta de falar da avó Felicidade, mas sempre com voz embargada e de lágrima ao canto do olho; das suas abelhas; das brincadeiras da sua meninice, que recorda com um sorriso rasgado…

Prof.: Maria do Castelo Viana


Os pequenos “jornalistas” das turmas A e B do 5º ano entrevistaram o escritor Carlos Canhoto, através de videoconferência. Eis o resultado do seu trabalho!


É um “faz tudo”: escritor, apicultor, agricultor, marionetista. Isto é uma tentativa de chegar a toda a gente, de várias maneiras?

Não decidi nada. Segui os meus sonhos. As coisas vão acontecendo naturalmente. Gosto das coisas que faço, devemos estar sempre apaixonados pelo que fazemos. Sempre gostei de marionetas, dá prazer a quem faz e a quem vê, alivia o stress, parece que os bonecos ganham vida. 

O campo sempre foi a minha praia! As abelhas…fascinam-me. O meu primeiro enxame foi-meo ferecido por um senhor de Pavia, o mestre “Chico Calhar”, uma universidade viva. O meu livro “Zi, a abelha zonza” reúne muita informação sobre a apicultura.

Gosto da horta biológica, de ver nascer as flores, os frutos, saboreá-los…

Quando era criança, o que gostaria de ser em adulto?

Em criança vivia no campo, na natureza. Pescava à mão, brincava aos Índios e aos Cow boys …

Um dos meus grandes desejos era, um dia, ir para o Brasil. Viver com os Índios, ser cientista, viver sem horários, caçar, pescar. Mais tarde, ser professor, realizador de cinema, … muita coisa!

Tive o prazer de viver com os Índios, na Nicarágua, numa floresta tropical, a apanhar café com eles.

As crianças são as pessoas mais importantes da sua vida?

As crianças são tão importantes como os adultos. Gosto de trabalhar com os idosos, tenho muito respeito e carinho por eles.

Porque decidiu ser escritor?

Eu não me considero escritor, sou apenas um criador, inventor, contador de histórias. Qualquer coisa me inspira. Gosto de escrever sobre os outros. Escritores, para mim, são “Saramago” e Fernando Namora, como exemplos. Os escritores têm de ser também um pouco filósofos. Na escola primária tive contacto com o livro “O trigo e o joio”, de Fernando Namora. As personagens deste livro “são” pessoas de Pavia, apenas com outros nomes. Este livro motivou-me para a escrita. Comecei a fazer redações e poemas e iniciei-me na escrita, a partir daí escrevi “O homem a quem tiraram a idade”, “O monte secou” e, com a abertura do Fluviário, escrevi algumas histórias sobre peixes.

Porque escolheu o pseudónimo Carlos Canhoto?

Foi uma brincadeira. Aos dezassete anos, em Évora, apaixonava-me pelas minhas colegas e fazia-lhes poemas, poemas de amor. Juntei esses poemas a outros de amigos e conseguimos a impressão de um livro, “Páginas em diálogo”. Cada um de nós escolheu em pseudónimo e eu escolhi Carlos Canhoto (Carlos porque um dos meus apelidos é Carlos, e Canhoto porque escrevo com a mão esquerda).

Quantos livros já escreveu? Pensa escrever mais algum?

Tenho nove livros editados e em dezembro vai sair outro “O baú mágico do meu pai”. Poderia ter editado mais, mas para isso é preciso muito dinheiro e a colaboração de muita gente. Os livros são obras de várias pessoas que intervêm no processo de criação, e dão muito trabalho.

Dos livros que escreveu, qual o que mais gostou?

“A minha avó Felicidade”. Ela foi uma pessoa muito importante para mim. A sua casa era um espaço de liberdade e altruísmo. Era forte de personalidade e passou-me essa qualidade. Fez com que eu mudasse a minha forma de ser e de estar e é, talvez, a responsável pela minha ligação à escrita.

Qual o seu primeiro livro e quando o escreveu?

O meu primeiro livro foi “O homem a quem tiraram a idade”. Também participei num livro de poesia quando tinha dezassete anos, como já referi.

Em que se inspira para escrever?

Inspiro-me nos sorrisos, nas pessoas, … em tudo.

O livro que vou editar, “O baú mágico do meu pai”, é sobre o meu pai. Inspirei-me na sua vida mágica de ferroviário. Encontrei uma corneta e um baú que ele usava e decidi criar uma história. O livro fala também do Natal, do menino Jesus, dos “apenas” chocolatinhos que recebíamos, do tronco de Natal. À volta de todo este imaginário, nasceu a história.

Quantos prémios já recebeu?

Recebi um prémio da Câmara Municipal de Almada, Prémio Literário Maria Rosa Colaço, em 2006, com o livro “O monte secou” e o livro Barbatanar nas cores do arco-íris faz parte do PNL – Plano Nacional de Leitura.

Obrigado pela sua disponibilidade e acreditamos que, a partir de dezembro, já podemos ler o seu novo livro “O baú mágico do meu pai”.


Livros escritos:

Barbatanar nas cores do arco-íris – PNL – Casa da Leitura da Gulbenkian com Marc Parchow | Pé de Página, 2006

O Homem a quem tiraram a idade Apenas livros / Abril 2006

O Monte Secou (prémio Maria Rosa Colaço 2006) com Zé Gandaia | Pé de Página, 2007

Pirá, a piranhita desdentada – Casa da Leitura com Marc Parchow | Pé de Página, 2007

Pirá (reedição) – Casa da Leitura com Marc Parchow | Qual Albatroz, 2010

Barbatanar nas cores do arco-íris (reedição) – PNL – Casa da Leitura com Marc Parchow | Grácio Editores, 2010

Anuro o Sapo Sapinho, o Sapo Sapão com Rita Goldrajch | Edições Poejo, 2014

Curtinhas à sexta-feira Apenas livros – Setembro 2014

Serei uma plantinha daninha? Com Danuta Wojciechowska | Lupa Design – Agosto 2015

A minha avó Felicidade com grãodepó | Garatuja, semeando afetos – Abril 2016

Pirilampo o velho pescador de estrelas Com Paulo Galindro/Garatuja 2018

Zi a abelha Zonza Com grãodepó /Germinário 2019

O Baú mágico do meu pai Com grãodepó /Germinário 2020




segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Mora

Caros alunos
Olá, como estão?
Desejo que se encontrem bem e a utilizar de forma proveitosa o vosso tempo.
A nossa escola está vazia e a Biblioteca Escolar sente a vossa falta.
Tenho reunido alguns livros digitais que gostaria de vos ir enviando se estiverem de acordo.

Se quiserem requisitar algum livro da Biblioteca Escolar, digam-me e encontraremos forma de vos chegar.

E faço um desafio:
Desafio-os a tirarem uma fotografia à capa de um livro que os tenha marcado ou que estejam a ler e enviem-na para o e-mail da vossa Biblioteca (bibliotecamora@gmail.com).Será publicada juntamente com a de outros alunos de outras escolas do Alentejo.

Porque dia 23 de abril de 2020, é Dia Mundial do Livro, partilho um vídeo de José Fanha para assinalar essa data.





Aguardo notícias vossas.
Fiquem bem.
A Professora Bibliotecária:
Ana Maria Dias Alves Amaral