... este foi o texto lido nas turmas do 4º ano:
O rato da Alexandria
O
rato de que fala esta história morava num sítio muito especial: a Biblioteca de
Alexandria, onde havia milhares de pergaminhos e papiros, contendo todos os
conhecimentos, que os homens tinham até então conseguido acumular e passar por
escrito.
Um dia, não tendo nada para fazer, começou
a passar por cima das folhas cobertas de estranhos caracteres e, em vez de as
roer como faziam os outros ratos, procurou descobrir se juntos faziam sentido.
Foi assim que se transformou no primeiro rato a saber ler. Quanto a escrever,
embora o pudesse tentar, era bem mais difícil, porque não conseguia segurar nas
patas dianteiras a pena ou o estilete com que as letras eram desenhadas. Mas
não se sentiu por isso inferiorizado.
As suas visitas aos jardins da cidade
começaram cada vez mais curtas e espaçadas, porque preferia ficar na biblioteca
a ler tudo o que estava escrito sobre astronomia, geometria, medicina e
botânica. Desta maneira, tornou-se, sem esforço e com visível prazer, um rato
sábio.
Muito quieto, nos recantos das amplas
salas da biblioteca, assistia às animadas discussões que ocupavam, durante dias
inteiros, os cientistas e os filósofos de Alexandria. Às vezes apetecia-lhe…
In O Livro Que Falava Com
o Vento e Outros Contos, José Jorge Letria